Indecisa

Indecisa

Tanto que fazer...

E eu presa no teu querer

Tanto que dizer...

Tu me amordaças pra esquecer

Tanto pra ouvir...

E eu surda pra te sentir

Tanto que sobreviver...

E eu imersa no teu poder...

Não me chames de criança

Há muito deixei de sê-la

Não me chames de lembrança

Há tanto pra descrevê-la

Não me chames de esperança

Já senti em meus lugares

Só me chames de saudades

Então contarei só verdades...

Não me chames de mulher

Sou a flor como ela quer

Nem me chames de ilusão

Chama de outra qualquer

Sou vida de teu coração

Pirilampo dos teus desejos

Sou louca pelos teus beijos

Me chama, enfim, de paixão

Pertenço ao teu coração...

Porisso vivo na janela

Não sei se sou mais aquela

Mas pendurada no vício

Sinto minh'alma um reboliço

Nem sei mais se sou saudade

Embaralham-se realidades

Esfinge de toda verdade

Sou então aquele sopro

De mulher de longa idade...

Janela dos meus cismares

Abrigo dos meus pensares

Amparo que me abraça

Sossego dos meus mormaços

Cais dos meus desabafos

Na esperança que traço

No espalmar da vidraça

Suspiros dos meus cansaços...

E agora embaralhada

Nos cabelos, encaracolada

Vivo em tardes sentidas

E nas noites mal dormidas

Entrando nas madrugadas

Cheia de esperanças caladas

Comprimo meus desenganos

Meus versos que são só enganos...

Ah! Pensando bem agora

Ao invés de me chamares saudade

Estando entregue em devaneios

E, na poeira que entremeio

Vivendo só do passado

Com o beijo que me foi dado

Chama-me então felicidade

Pra eu ficar sempre ao teu lado...

Myriam Peres

Myriam Peres
Enviado por Myriam Peres em 25/11/2006
Código do texto: T301170