Duelo

Revelava-te

no sorriso indizível

da boca da noite.

O açoite de tua ironia

feria-me a pele,

a alma, o âmago.

Teus dentes afiados

dilacerava qualquer vontade

que eu viesse a ter.

As palavras soltas

quase sólidas que soltavas

pesava-me o peito.

A despeito do desafio

me rio

quando ris como louca.

Guardo-me que o tempo vinga.

Assim, minha língua

descobrirá estrelas

no céu de tua boca.