Orgasmo em nuvens

Lá de cima vejo as nuvens branquinhas como algodão doce

Vontade grande de sair pulando entre elas

Outras nuvens, lá longe, vão se endurecendo e cairão logo, logo...

Caem bravas ou de mansinho, como lágrimas de mulheres apaixonadas

Daqui de cima desconfio que sou apaixonado pela terra

Montanhas e morros são mamilos gigantes e tensos

Corpos de mulheres vão serpenteando até as nuvens gigantes virarem céu

Como é belo este céu

Que horizonte é este no qual sinto-me tão frágil e vulnerável

Deus é maravilhoso e está ali, aqui, acolá, lá, hoje, amanhã e depois.

E que mar é este que traz a Afrodite de corpo gostoso e cheio de dobrinhas

Corpo para comer

É difícil não pensar em saborear as curvas dessa amada deusa que termina no horizonte dessa amada terra

Apaixonado meus olhos míopes, já dilatados pela luz do sol, fecham mais para capitar detalhes

Vejo mais coisas: coxas, pernas, pés, mãos, braços...

Uma anca gigante que o meu avião entra por ela adentro...

São as mesmas as nuvens de Salvador, Vitória, Florianópolis, Rio de Janeiro, São Paulo e desse Belo Horizonte.

Nuvens do meu orgasmo sem fim e cheio de estrelas que dessem do céu para a terra

Eu e ela. Eu nela onde vejo meu gigante tão pequeno e majestoso entrando e saindo tal como o avião de outrora

O fim é majestoso, cansativo e gratificante

No céu rimos à toa

É bom assim...

Cansar e cantar ante essa potencialidade que é essa mulher nuvem cristalizada no mundo que é Deus.

Lúcio Alves de Barros