Triste Sorte

Triste sorte

Quando Deus ao mundo me deitou

Logo me formou o meu destino,

Desde a idade de menino

Até à idade em que eu estou.

Nada mais me custou

Que foi agora tão de repente,

Por parte de um parente,

Eu, tal coisa não esperava,

Até o povo se admirava

De ver o teu portamento,

És doida como o vento

E não o podes negar,

Eu tenho fé em Deus

Que ainda mo há-des vir a pagar,

Triste foi o meu nascer,

Triste foi o meu passar.

Essa criatura foi Aninha,

Triste sorte a minha,

Pouca ventura que eu poderia ter,

Melhor me fora morrer,

Sofrer a negra morte

De que ter tão desgraçada sorte

De tal coisa me acontecer,

Isto quem houvera de viver

Há-de ter que contar

Pelo seu muito escolher

E pelo seu pouco acertar,

Se um dia a vejo chorar,

Depois de estar casada,

Por ser mal estimada

De seu marido

Por não tomar sentido.

Francis Raposo Ferreira

FrancisFerreira
Enviado por FrancisFerreira em 27/05/2012
Código do texto: T3690525