Hoje não, amanhã talvez

O sorriso morre lentamente

em meus lábios ressecados

pela visão amarga

do que vi e vejo,

do que senti e sinto,

do que li e leio,

do que tive e tenho,

do que disse e digo,

do que fiz e faço,

do que sonhei e sonho,

do que procurei e procuro,

do que cantei e canto,

do que pensei e penso...

O sorriso morre!

Nada existe

entre o passado e o presente

que se traduza em algo diferente.

Então,

quando me perco nas ações verbais

nos momentos em que me cobro,

alarga-me o sorriso na face,

umidecido pelo resto das lágrimas teimosas

que ensaiam um adeus

ao perceberem que,

apesar de tudo,

existe um "eu" ligeiramnete calado,

uma flor exalando o perfume especial

próprio de quem viveu

todos os momentos,

de quem esgotou todos os argumentos,

como existe um "hoje" resultante,

ainda confiante

no depois.

Cleide Canton
Enviado por Cleide Canton em 25/07/2005
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