D. José I

D. José I

D. José primeiro seria o sucessor,

Atravessaria um polémico reinado,

Que lhe daria o cognome “O Reformador”,

Tais as dificuldades do reino herdado,

Escolhe colaboradores no polo opositor

À política seguida no recente passado.

Sebastião José de Carvalho e Melo

Encetaria um percurso sem paralelo.

Primeiro conde de Oeiras, Marquês de Pombal,

Tomaria medidas visando pura vingança,

Aceitaria o encargo de restaurar a capital,

Inventaria novos esquemas de cobrança,

O ouro vindo do Brasil era essencial

Para devolver ao reino o clima de esperança.

Substituiria a cobrança por capitação,

Por um novo sistema de avença, rentabilização.

Sistema de agrado dos ricos e abonados,

Aqueles que mais ficariam a ganhar,

Enquanto os outros seriam mais penalizados.

D. José veria um terramoto dizimar

Grande parte de Lisboa, ficaram aterrorizados,

O Marquês, da reconstrução se iria ocupar.

Mil setecentos cinquenta e cinco, o ano

Em que tão rudemente tremeu o solo Lusitano.

Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês,

Vê na tragédia a escada do seu sucesso,

Como que substitui o monarca Português,

Toma medidas, pura vingança, em excesso,

Há que acabar com as pilhagens, de vez,

Lisboa reergue-se numa linha de progresso.

São construídas forcas por toda a cidade,

Ladrões e criminosos não merecerão piedade.

Os mortos, sem se poderem enterrar,

Constituem forte e perigosa ameaça,

Terão de se lançar seus corpos ao mar,

Patriarca de Lisboa autoriza que se faça,

As almas, essas acabarão por se salvar,

Então que se evite uma maior desgraça.

Triunfa o sonho do Marquês de Pombal,

Lisboa impõe-se como a grande Capital.

Lisboa reconstruída, D. José avança

Para nova e distinta fase do seu reinado,

Entra em Guerra com Espanha e França,

O movimento oposicionista é esmagado,

O Marquês ganha poder e confiança,

Muito nobre se vê acusado e é executado.

D. José inicia a reforma da Inquisição,

Ordens Jesuítas recebem ordem de expulsão.

Mil setecentos cinquenta e seis, se inicia,

Mil setecentos sessenta e quatro, irá terminar.

Página tenebrosa da Lusa história se escrevia,

A Companhia de Jesus tem de se marchar,,

O Marquês de Pombal assim desejava e queria,

Clemente catorze, Papa, o viria apoiar.

Não existiam limites para a sua crueldade,

El-rei deixava-o actuar à sua perfeita vontade.

Época, por tantas vinganças, assinalada,

Teria também momentos de vitória,

Vinhas do Alto Douro, é companhia criada,

Tal como Grão Pará e Maranhão, glória,

Repleta de sinuosas intenções, mascarada.

Período tumultuoso e de tão dura memória.

Ano de mil setecentos setenta e sete,

Grande massacre, na Trafaria, se comete.

Marquês de Pombal prepara-se para a guerra,

Pelos limites da América, contra Espanha,

Vários homens refugiam-se naquela terra,

Tropa real persegue-os mas não os apanha,

Marquês não hesita, na pobre aldeia os encerra

E manda atear fogo, atrocidade tamanha.

Decorria o dia vinte e três de Janeiro,

Reinava, sua majestade D. José primeiro.

Decorrendo mil setecentos setenta e nove,

Novo processo de vingança se instalava,

Campanha contra os Távoras urde e move,

Processos onde era quem mais beneficiava,

A frieza dos seus actos nem o comove,

Parecia que só a desgraça alheia, o saciava.

Todo o processo se inicia numa visita de amor,

D. José fora visitar sua amante D. Leonor.

D. Teresa Leonor de Távora, amante oficial,

Não se livraria dos caminhos da morte,

Após, segundo invenção, do Marquês de Pombal,

Terem tentado dar a El-rei, igual sorte.

Todos foram torturados, de forma cruel e brutal,

Só ela, mulher, sofreu logo o mortal corte.

Muitos se salvaram, graças à futura D. Maria.

Grato, D. José, Conde de Oeiras dele faria.

D. José deixaria alguma obra meritória:

A Real Junta do Comercio e o Erário Régio,

Assim como a Real Mesa Censória.

No campo educativo teve o privilégio

De escrever uma bela página da nossa história,

Quem sabe fruto de algum momento de sortilégio.

Criou o Colégio dos Nobres, ensino secundário,

Instituindo também o ensino primário.

No que respeita ao campo da cultura,

Dedicou-se a Ópera do Tejo, Paço da Ribeira,

Inauguração de grande pompa para a altura,

No aniversário da rainha, sua peça primeira,

“Alessandro nelle Indie” bonita abertura,

Devastador terramoto seria sua peça derradeira.

A trinta e um de Março seria sua inauguração,

A um de Novembro não resistiu à destruição.

Situava-se onde a marinha tem seu Arsenal,

Apesar de ter durado sete escassos meses

Conseguiu granjear admiração internacional,

Não resistiu à natureza e seus reveses.

D. José primeiro só teve uma amante oficial,

Nenhum filho varão deixou aos Portugueses.

Uma certa história, em seu redor brilha,

“ O rei monta bem, ainda melhor com sua filha”

Assim terá respondido a rainha D. Mariana,

Ao Conde de Távora, que num comentário

Terá elogiado, de forma pura ingénua e sana,

Que El-rei montava de um jeito extraordinário.

Contado por viajante Francès, de onde emana

Alguma dor perante o rodopio, D’El-rei, diário.

Mil setecentos setenta e sete, mês de Fevereiro,

Vinte e quatro, morre o rei D. José primeiro.

Doze de Novembro do ano anterior,

El-rei D. José sofrera a segunda apoplexia,

D. Mariana, em nome de seu rei e senhor,

Assumia o trono, após sua morte, o deixaria.

Começou cedo a pagar um pesado valor,

Ainda menina já de seus pais se despedia.

Filha de Filipe Quinto e Isabel Farnesto,

Reis Espanhóis, ele em segundo casamento.

Contava somente três anos de idade

Quando foi viver para corte Francesa,

Tais pactos reais eram uma realidade,

Mas também era outra a certeza,

o tratado com França vestia-se de nulidade

Mudou a sorte, seria rainha Portuguesa.

Oito anos, firma-se contrato de casamento,

D. José mais quatro tinha nesse momento.

Caçadas e passeios conjuntos, iniciais,

Transmitiam a sensação de cumplicidade,

Mas D. José desejava muito mais,

Opunha-se sua mãe, usando a tenra idade,

Da princesa, para lhe retrair desejos sexuais,

D. Mariana não ia fora da pretensa vontade.

“Dia vinte e três de Janeiro virá aqui dormir,

Queiram seus pais ou não.” Não irei resistir.

Assim terá escrito, a seus pais, D. Mariana,

Quando ainda estávamos em Novembro,

Ideia falhada, princesa também se engana,

Histórias que, não as vivendo, aqui relembro.

Questão de mais semana, menos semana,

D. José não desafiaria maternal membro.

D. Mariana Vitória de Bourbon era formosa,

Inteligente e dançava de maneira majestosa.

Excelente caçadora, perita na espingarda,

Protagonizaria episódio muito comentado,

Atingiu o rei, no olho, durante uma caçada,

Puro acaso, ou algo mais premeditado,

Não escapou de se ver de tal acusada,

Valendo-lhe D. José ser homem apaixonado.

Terão sido ciúmes que a levaram a agir,

El-rei compreendeu, nada lhe valia mentir.

Conseguida a reconciliação matrimonial,

Ofereceu-lhe, D. José, magnifico anel,

De noivado, dizia ele, grande jogada real,

Assim, ela lhe perdoaria, enquanto ele

Poderia continuar sua vida extraconjugal,

Nada havia a fazer, estava-lhe na pele.

Marquês de Pombal não lhe era querido,

Mas não o hostilizava, era homem temido.

Jesuítas e Távoras, inimigos em comum,

Chegou a ser associada ao real atentado,

Do casamento, filho varão nem sequer um,

O que muito, a D. José, deve ter custado,

Filhas foram quatro, não era drama nenhum,

Estava o futuro da coroa assegurado.

Entre a prole que, no paço real, crescia

Estava a futura rainha de Portugal, D. Maria.

Francis Raposo Ferreira

FrancisFerreira
Enviado por FrancisFerreira em 22/07/2012
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