Antíteses do amor
Venha, esquece o teu brio
Rendas-te ao teu cio
E deixas-te cair em minhas mãos
Que a felicidade não é só material
Nem o prazer é só carnal.
E nós somos obras, não artesãos
Passíveis de defeitos e retoques
Submetidos do Artista aos enfoques
E por isso manipuladores manipulados
Pois criaturas vivas têm os criadores subjugados.
Então meu amor, caia na tentação
Abra todo o teu coração
E libera esse teu desejo insano
Libera toda a tua libido
Que é por ti que tenho vivido.
Acata meu pedido humano
Submisso, frágil e sincero
É a ti que eu mais quero
Desde o dia em que iluminaste os olhos meus
Tornando-os assim apenas teus.
E sendo teus exclusivamente
Não caberão a mais ninguém certamente
Não só os olhos um do outro possuímos
Somos completamente nossos
Pois nas antíteses do amor caímos.
Cícero – 02-04-97