Amor e paixão

O amor é fogo brando que constante arde

E o peito não carboniza com seu crepitar

Não é também como o sol ao fim da tarde

Que se põe resignado para o calor esfriar.

Fogo fátuo e devastador é a paixão

Cujas chamas rasgam da alma as entranhas

Perfuram os olhos e cegam o coração

Destituindo-nos do ego com dores tamanhas.

O amor é brisa que suave acaricia a face

E deixa no ar o delicioso odor da libido

E, aos poucos, os corpos leva ao enlace

Com a certeza de que nada é proibido.

A paixão é tempestade violenta, forte

É desejo libidinoso que a carne faz tremer

É tesão em estado puro que tira o norte

Levando-nos sem rumo ao prazer.

O amor é rio tranquilo em cujo leito

Os obstáculos nas curvas de seu curso carrega

Lavando as mágoas e feridas no peito

Porque apenas ao que lhe alimenta se apega.

A paixão é em noite chuvosa mar bravio

Que para sua fúria limites não conhece

E ultrajada torna o calor em terrível frio

Provando ser volúvel quem só dela se apetece.

O ser humano em toda a sua existência

Vive implacável ao amor perseguir

Mas como de desprendimento tem carência

Quase sempre é a paixão que lhe vai suprir.

Paradoxalmente se fundem ambos num ser só

Porque amor sem paixão é inútil chama

E paixão sem amor é feito ferro em pó

Porém juntos sustentam alma, corpo e cama.

Cícero – 12-12-2012

Cícero Carlos Lopes
Enviado por Cícero Carlos Lopes em 12/12/2012
Reeditado em 12/12/2012
Código do texto: T4032856
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