A voz do silêncio

Abate-se

Por sobre o meu corpo nu

Estendido no leito improvisado

De sonhos claros e imprecisos

A densidade da noite escura como breu

O silêncio impera e não impera

Doseado com o grito da natureza

Que dorme acordada

E sonha com nada

Escuto o silêncio e penso:

- Como é possível escutar o silêncio,

se o silêncio é a negação

De qualquer vibração?

Logro dos sentidos...

Não é o silêncio que escuto,

Porque ele está ausente,

E jamais poderá estar presente

Enquanto restar fios de pensamentos

E amores perdidos

Abate-se

Por sobre mim

O silêncio do que, lá no fundo,

Nunca cala

E me precipita ao abismo

Do silêncio que foi silêncio

E não devia

Ao deitar-me

Descobri que não tinha para despir

A capa das imposturas tolas e formais.

Deitei-me mais rápido.

Não lavei os pés!

Para quê?!

Se o que necessitava era de lavar a alma

E ressuscitar o que dentro de mim morria

Oh, que raiva

Sinto!

Contra mim?

Não!

Minto...

Contra quem não soube

Escutar o silêncio meu

Antaco
Enviado por Antaco em 04/02/2013
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