DESENCANTO

Cântico festo da sua mocidade tão bela!

Esparze encantos qual flor da primavera,

Taciturno afã que o desgraçado espera,

O virtual amor que a minha diva esmera.

Sedutora, por que oculta su'alma vera?

Feitio de desejo, é assim que se espelha,

Fragrância e beleza tem da flor enotera,

Altiva mulher! Veja! Não é mais donzela!

Efêmera beleza que o momento revela,

Fatuidade inóxia, que a pinta em tela.

Cerceia o amor com sua fiel sentinela,

Ao cisne branco que no lago a venera.

Majestoso anseio que a minh'alma gera,

Na quietude bucólica, um amor quisera,

Ambiciosa, com a su’ardileza alavela,

Mesmo em mágoa, ainda gosto dela!

Rivadávia Leite
Enviado por Rivadávia Leite em 11/04/2007
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