quando acordei

quando acordei não posso dizer que encontrei o inesperado . aquela manhã, tantas vezes adiada, finalmente se revelava e nascia, contra a minha vontade, no ontem emaranhada. era como se ainda estivesses aqui, restos do teu riso continuavam presentes na cena, tuas mãos a me tocar, minhas coxas entre as tuas, na mesma cama em que nos prometemos ficar juntos para sempre. a luz imprecisa daquela manhã não me permitia acreditar que o teu som havia cessado, restando apenas a ruidosa agonia dos espelhos a me despertar para o indesejado, o inevitável e a vontade de não acordar. o itinerário de teu corpo era agora um teorema, a concretude definitiva da tua partida, na mesma cama em que a outro te entregaste.

Poema do livro Crônicas do Amor Impossível

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