O dom do amor
O amor tem essa coisa...
De ao olhar para quem se ama,
E ver além do evidente.
Já não são simplesmente olhos e boca.
Há o olhar, há um brilho.
E um desejo incontrolável de unir lábios com lábios,
Entrelaçar línguas,
Explorar cada centímetro seu
Com a minha própria boca.
Mãos já não são só mãos,
São objetos de desejos,
Desejo intenso de que desnude meu corpo.
Que me rasgue a roupa.
E como os pés passam a ser destaque,
Na ânsia de que seus passos
O conduza aos meus braços.
E não é incrível que o seu modo de respirar,
Algo tão natural torna-se tão perceptível,
Quando ao simples movimento do seu tórax,
Falhe-me a respiração?
É estranho notar que o timbre da sua voz,
Ao dizer qualquer tolice, qualquer coisa boba,
Acelere meus batimentos,
Seque minha garganta e me deixe tonta.
Tudo atiça, incita, atrai...
E lá se vão dias e noites,
Preenchidos completamente
Com a idéia fixa de saber:
Por onde andam seus pensamentos...
E Invejando a sua roupa.
Encantamento? Talvez...
Ou uma dose de loucura?
Ah o amor tem esse misterioso efeito
De revelar explicitamente,
Qualquer coisa,
Que sem ele, seria pouca.