FREI MARIANO
             Edson Gonçalves Ferreira
Faleceu em Belo Horizonte, semana passada, aos 94 anos de idade, o meu grande amigo e pai espiritual Frei Mariano Von Gipsen,  natural de Den Haag, Holanda, nascido em 18.02.1921 e que se ingressou na Ordem Franciscana em 1946 e se ordenou em 1953. Frei Mariano, antes de vir para o Brasil, viveu em campo de concentração onde chegou a oferecer a sua vida para poupar outra. Então, seguramente, posso dizer que ele optou pela santidade.  Frei Mariano tão logo chegou em Divinópolis, mostrou sua cultura, seu dinamismo, sua classe. Vigário da Paróquia de Santo Antônio, incrementou-a e fundou a Igreja São Geraldo e, ainda, iniciou uma campanha em prol dos menos afortunados. Criou a ADAP, o restaurante e a lavanderia e a horta (no fundo do convento) popular, olhando também a qualidade de vida dos seus paroquianos. Ele, muitas vezes, era mal interpretado, pois circulava na elite para dessa obter recursos para suas obras. Em Divinópolis, havia em cada esquina uma placa: "Não dê esmola nas ruas". Ele, auxiliado pelas amigas Hermínia Corgozinho de Souza e Cecília Marques Luchesi e pelo amigo Galba Laesi, não media esforços. Eu circulava com ele pela periferia muitas vezes.  Eu era o coroinha predileto dele e, então, com Frei Miguel Rodrigues dos Anjos, criamos o Movimento de Orientação Vocacional no Santuário de Santo Antônio que, depois, foi liderado por Frei Francisco Duarte OFM, vigário atual de Santo Antônio. Frei Mariano criou o Salão Paroquial que viveu momentos gloriosos com uma juventude franciscana ativa e, ainda, construiu a moderna casa paroquial e, infelizmente, o espaço dessa crônica é pequeno, para eu declinar todos os seus dotes e feitos. Depois, quando, muito mais tarde, ele foi transferido, recém-chegado da Europa, acabei morando com ele na Paróquia de Cavalcanti, no Rio de Janeiro onde, inclusive, Frei Célio (hoje, Dom Célio) ia muito e até o Coral Divinópolis foi se apresentar lá. Tanto no Rio de Janeiro quanto em Belo Horizonte onde, recentemente, faleceu, ele desenvolvia trabalho com recuperação de drogados. Até hoje, meu olhar para ele é de um menino embevecido com a grandeza de um homem que é lindo por dentro e por fora e, hoje, deve estar encantando a Deus com sua risada gostosa e sua fala sincera. Ainda, eu o ouço me chamar; _ Edson, venha cá!" Saudades, meu amigo e pai espiritual. Divinópolis ainda não aprendeu a reverenciar os grandes homens, infelizmente.
 
Divinópolis, 01.07.2015
 
edson gonçalves ferreira
Enviado por edson gonçalves ferreira em 14/07/2015
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