Como gatos no colo

Ela era tão linda, doce, meiga, simpática, apaixonante...

linda (de novo, porque não era uma beleza qualquer);

que me sentia tolhido de lhe dizer “não” a qualquer coisa.

Ela somava todas as heroínas românticas conhecidas.

Ela era a senhora do mundo...

Negar-lhe qualquer coisa seria como expulsar do colo

um gato que subiu de livre espontânea vontade.

Gatos, geralmente, não sobem espontaneamente no colo:

são reservados e independentes;

quando sobem, é um evento tão especial no universo,

que, por mais que precisemos levantar e sair, não saímos...

Ela era um evento especial no universo.