Mulheres

Ah, seres insondáveis...

Seres acessíveis, mas inescrutáveis...

Seres impossíveis, desafiantes de leis.

Da natureza,

do tempo,

da gravidade,

da lógica,

de Murphy.

Tudo que se sabe sobre as mulheres

Cabe na palma da mão de uma delas,

E sobra espaço para todos os homens da terra.

Ah, seres insubstituíveis...

São todas em uma, uma em todas

(E nenhuma nos pertence).

São tão perfeitas,

Que encerram em si todo o erro.

E mesmo após todo o erro, exalam a perfeição

Em cada poro,

Em cada respiro,

Em cada suspiro.

Nascemos delas,

Nos alimentamos delas,

Somos formados e feitos por elas,

É de se estranhar este eterno retorno?

É de se censurar esta tamanha vontade?

É de se contrariar este esperado encontro?

Talvez a complexidade do mundo

Tenha nos pego de surpresa,

Mas quanto mais sabemos do mundo,

Menos sabemos de nós...

E quanto mais sabemos da vida,

menos saberemos delas.

Pois elas são o mistério,

Ainda que encerrem toda a verdade

dentro dos seus olhares,

Pobres de nós, que ainda não aprendemos

a decifrar aquele olhar.

E que atire a primeira pedra

Aquele que nunca tentou.

E que como todos os outros,

Depois de mais ou menos tentar, falhou.

E caiu.

Nos braços dela,

Extenuado, exaurido.

Mas em comunhão com o universo.

E feliz.