O POETA E O MÁGICO

O tempo corre, o tempo voa e o relógio, por puro capricho, resolveu dobrar a velocidade do giro dos ponteiros, reduzindo de vinte e quatro para dose horas o interstício que separa os dias. Há pouco foi à virada do ano. Ainda sinto o sabor e frescor do espumante na garganta. Se você tivesse dado asas às suas imaginações e transformado seus sonhos e desejos em realidade, muitas e muitas coisas teriam acontecido e mudado o seu estilo de ver o mundo. No entanto, você quer enxergar o poeta e o mágico como farinha do mesmo saco. Engana-se. O mágico é um vendeião de ilusões, um mercador de sonhos. Já o menestrel decanta o amor a natureza em todos os seus encantos. O poeta chega a reclamar da espetada do espinho na roseira e glorifica o perfume que exala da rosa. O poeta fica a chorar a dor da picada da abelha e se lambuza com a doçura do mel que brota do favo. O poeta protege-se dos raios solares com chapéu, mas louva e aplaude o brilho do sol ardente que clareia e aquece a vida. O poeta sofre com a queda d’água no despenhadeiro e se refresca com banho de cachoeira. O poeta teme a escuridão da noite, mas admira a luz da lua que guia o cavaleiro andante. O poeta excomunga a traição da amante, mas, não resiste à paixão e compõe um poema para mulher ingrata.