Carta ao Amor Impossível
Se não te puder amar assim,
Amarei-te amiúde.
Alguém recolhe beijos em passagem
Tomando-os como hóstia - púbere querubim.
E contudo, te amar não pude,
Mas anjos tardaram e demônios enfim
Fizeram-te prisioneiro, cárcere de mim.
E pesam agora meus áridos lábios a beijar-te a última miragem.
Fui ao calabouço como quem caminha em flores.
Sou o que sou: invento dores
Só para não te ter assim Menino.
A palma do tempo acena adeus
Balbucia, pequena e lívida, teus versos meus,
Pois sei, ficarás sim com teu destino.