O amor que existe onde não estamos

Às vezes me bate uma lembrança

Daquilo que não vivi

Onde não estive

Com quem não conheço

Às vezes sinto que o presente é uma farça

Que o silêncio é onipresente

E o esquecimento o meio

Do inesquecível

O seu abraço ainda corre no meu corpo

O seu sorriso ainda encanta meu olhar

O nosso instante ainda se repete

Infinitamente pela infinidade do que sentimos

Às vezes me traz saudade

E toda vontade que me dá

É de transportar-me para essa lacuna no tempo

Essa fenda de sonho que virou realidade

Preciso pular no vazio

Eu mergulho de cabeça no que sinto

Talvez seja só loucura

De alguém só

Mas seria a prova

De que o amor existe apenas

Paralelamente ao mundo

Onde amamos

Pois o que vimos,

O que sentimos

Não cabe por ser pequeno

À sublimidade, à essência

À expansão do amor

Que preenche o indefinido

De nossa limitação inerente

Não faria sentido

Tão pequeno seria

Pequenos ainda somos

Em sentir o amor

Por nossas barreiras

Por isso às vezes tenho saudade

De um amor que não vejo no tempo

Não se desenha no mundo

Não se esclarece em meu pensamento

Preciso estar fora do mundo

Inerte à relidade

E crer que o que não for o amor

Estará sendo-o

Mar de Oliveira Campos
Enviado por Mar de Oliveira Campos em 07/10/2005
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