O amor que existe onde não estamos
Às vezes me bate uma lembrança
Daquilo que não vivi
Onde não estive
Com quem não conheço
Às vezes sinto que o presente é uma farça
Que o silêncio é onipresente
E o esquecimento o meio
Do inesquecível
O seu abraço ainda corre no meu corpo
O seu sorriso ainda encanta meu olhar
O nosso instante ainda se repete
Infinitamente pela infinidade do que sentimos
Às vezes me traz saudade
E toda vontade que me dá
É de transportar-me para essa lacuna no tempo
Essa fenda de sonho que virou realidade
Preciso pular no vazio
Eu mergulho de cabeça no que sinto
Talvez seja só loucura
De alguém só
Mas seria a prova
De que o amor existe apenas
Paralelamente ao mundo
Onde amamos
Pois o que vimos,
O que sentimos
Não cabe por ser pequeno
À sublimidade, à essência
À expansão do amor
Que preenche o indefinido
De nossa limitação inerente
Não faria sentido
Tão pequeno seria
Pequenos ainda somos
Em sentir o amor
Por nossas barreiras
Por isso às vezes tenho saudade
De um amor que não vejo no tempo
Não se desenha no mundo
Não se esclarece em meu pensamento
Preciso estar fora do mundo
Inerte à relidade
E crer que o que não for o amor
Estará sendo-o