Clique, fim...

Foi num clique,

embora o sonho...

Entre nós,

presente a tela,

nos declara, nos consola,

nos retrata toda hora,

como bicho em perdição...

Um botão que nos separa,

minhas mãos relutam tanto.

E num clique, a solidão...

Tela negra, sem estrela...

Não tem rua, não tem nada.

Nem mão dada, olhando a Lua.

Só a cama em desalinho,

que no canto, assim calada,

não responde, não afaga,

não abriga a inquietação...

Deito nela simplesmente,

como deita-se um cadáver,

sobre a seda do caixão...

Fecho os olhos, encolhida.

Que a janela não me diga,

que lá fora o Mundo existe...

Pois meu corpo ainda insiste,

nesta falta e neste gosto,

procurando além do vidro,

teu olhar, livre e perdido,

em estrelas tão distantes,

que as mãos tanto desejam,

e não sabem, como alcançam....

Day Moraes
Enviado por Day Moraes em 09/10/2005
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