MEU RICO ITALIANO

Volta-me a lembrança

o dia em que te recusei uma dança.

Foi difícil, confesso!

E, de onde estiveres,

ouve o que te peço.

Como pude fingir ignorar

tanta ternura que havia no teu olhar!

Como pude ser indiferente,

irredutível e prepotente,

desviando o curso da nossa história,

se hoje teu vulto é claro,

ainda me sorrindo, doce memória!

Não passaste simplesmente.

Marcaste um sonho, sempre presente.

Ouso acreditar

que tudo poderia ser diferente.

Se eu tivesse aceito teu convite,

o meu toque em tuas mãos

ter-me-ia denunciado

e teríamos vivido

o que eu julgava ser pecado.

Tudo acabou, no entanto,

sem mesmo haver começado,

com um suave bater de taças

e a rosa que beijaste, emocionado,

e ofertaste a mim...

Terminou mesmo assim.

Tu, buscando novos horizontes...

Eu, no rumo que escolhi

quando de ti fugi.

Meu rico italiano!

Ainda és recordação

e, pelo que fiz a nós,

eu te peço perdão!

SP, 29/09/2005

17:00 horas

Cleide Canton
Enviado por Cleide Canton em 14/10/2005
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