Onde está você agora?

Meu olhar se perde

muito além do que posso ver,

e, antes que eu perceba,

o seu rosto se insinua

nas nódoas que não se dissipam,

no espaço entre a verdade e a vontade,

entre o ontem e o agora.

Ah! Sonhos!

Levem-me aos seus braços

sem demora!

Talvez amanhã

meu coração se machuque

pela saudade que não perdoa!

Talvez amanhã

meus lábios se ressequem

com os ventos da espera

e meus braços se quedem,

cansados como eu não quisera.

Ou, quem sabe ainda,

os desejos dêem lugar ao vazio

e a ansiedade congele no frio,

sublimada,

ou definitivamente transformada

num sorriso sem sentido

a lhe dizer: Não mais!

Onde está você agora?

Escute!

Não faça dessa indelicadeza

o motivo da minha tristeza.

A ceia é farta, tem hora

e lhe reserva uma surpresa.

Ah! Céus!

Onde está você agora?

SP, 28/09/2005

21:30 horas

Cleide Canton
Enviado por Cleide Canton em 14/10/2005
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