Na natureza que apreciava, 
O sol tinha a sua primazia, 
Em sua energia me deleitava, 
Seu doce aconchego eu queria. 

Sua luz brilhante me ofuscava, 
Como um protetor cheio de poder, 
Meu segredo a essa estrela confiava 
E sempre desejava me render. 

Nos dias iluminados me alegrava, 
Nos escuros procurava recordar 
E de dentro de mim emanava, 
As lembranças que podia repassar. 

Na tristeza o sol me recuperava, 
Sua doçura me enchia de vigor, 
O brilho cintilante recobrava, 
Qualquer momento de langor. 

O sol entrava no corpo e na alma, 
Gostoso calor a percorrer-me inteira, 
Infundia-me felicidade e calma 
E para ele sempre corria ligeira. 

Estrela poderosa e fascinante, 
Os caminhos em raios clareando, 
Com generosidade impressionante 

II 

Perco em mim 
pelas horas que não 
alcanço. 
Se me perco em procurar 
sóis, luas e montanhas majestosas, 
também me perco 
nos raios que fazem de mim 
um eterno das coisas 
fascinantes. 
Perco em mim por horas 
que passam e não fazem sombra.; 
por calma e felicidade que 
de gigantescos sonhos que me assolam 
dia e noite. 
Sou andarilho de trilhos, 
homem de guarda e montarias, 
homem que procura fadas 
no seio de vinténs. 
A Lua me banha 
com frescor e candura. 
Mas é pobre esta Lua 
que se esconde atrás 
de montanhas azuis. 
Se sou a sombra das duas 
então faço parte das 
viagens através das estrelas 
a procura de fadas-madrinhas 
que, um dia, com um cordão mágico, 
tansformarão este vale agora cinzento 
numa luz mágica. 
E neste dia os homens 
compreenderão que tal é a guerra, 
tal é o amor. 
Se me perco e não me acho, 
se encontro e perdoo, será, então, tudo 
fácil quando o dia despontar, 
e fingir que se esqueceu 
da tal magia das duas Luas 
que, num certo tempo nesta noite, 
me banharam com imagens suas. 

III 

No alvorecer da minha vida costumava cismar 
Com as altas montanhas que obscureciam 
A luminosidade e a luz do sol branco e prateado. 
Sentia-me segura e a elegância de suas encostas, 
Levavam-me a sentir um estranho orgulho, 
Mesclado de atração, torpor e impulsão. 
Apreciava a vida na sua natureza incompreensível, 
E enquanto me ofuscava com o fulgor da claridade, 
Sonhava com o mundo imenso que me esperava. 
Era aquela montanha ereta e altiva, imponente, 
Majestosa, que admirava cativa, em sonhos cor de rosa. 
Olhava acima o apogeu e me quedava silenciosa, 
Certa que o universo era meu, triste conclusão pretensiosa. 
Nas noites frias e secas de céu estrelado, nas horas de 
Recolhimento e harmonia, nos momentos de divagação, 
A lua foi sempre o presente onipotente dos deuses. 
Imaginava-me como nos livros de Monteiro Lobato, 
Andando naquela estrela maravilhosa, satélite da terra. 
E então meus sonhos recomeçavam com igual vigor. 
Passados tantos anos continuo a amar a natureza 
e o espetáculo que se me apresenta ficou 
mais fascinante pela impressionante beleza etérea. 

 
José Kappel
Enviado por José Kappel em 07/05/2017
Reeditado em 24/05/2017
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