inócuas são as margaridas
que florescem ao léu de
meu jardim de duas entradas
e de alento árido.
mas não são só margaridas
que fazem o sentido do jardim.
é não possuí-lo e saber
que não sou dono de mim
nem de nenhuma flor.
então, navego agora
onde tudo são sós.
mas, era querer demais
frutificar em mais pétulas
umas frágeis, outras hercúleas.
os visitantes só entram na
primeira porta - a que não tem
saída.
a segunda porta
é de emergência,
para fugas bruscas
nas madrugas chuvosas
- fora das luas que não surgem -
nestas noites de muito
empenho para deixar
tudo e não ser mais nada.
e, segundo consta a maledicência,
que corre atenta por esses dias,
sou homem de uma só porta.
por isso, mandei construir uma
segunda porta - a de emergência -
que vai dar no pórtico de uma
ruela escura e sem nome
onde sobrevivem sombras
suspeitas e desgarradas de almas e
de gente.
se não posso, não consigo,
se não consigo, não tenho.
por isso, sou chamado
de homem de uma porta -
aquele alado
de pórtico viral
mas que nem sombra tem
para se esconder..
pois, de belgrado ou álamo
fuja, e se deixe lá
pois quase ninguém sabe
onde fica os tais belgrados e álamos.
e já a casa perdi, e
junto a
família, e os desdéns,
a fruta e o doce.
restou a porta e o jardim
e as pobres margaridas
que sofrem com meu desalento.
a vida me começou uma guerra
e não sei acabar.
ah! e tudo por ela !
agora sozinho,
abro portas de cedro
e fecho as janelas de puro
abismo.
e, sincero, digo lá
pro meu medo:
vamos morrer em belgrado
ou lá no álamo
pois lá certamente
ninguém vai me chamar
de homem sozinho,
que um dia amou
uma porta sem saída.
uma mulher de várias camas
e uma pátria sem bandeira.
que florescem ao léu de
meu jardim de duas entradas
e de alento árido.
mas não são só margaridas
que fazem o sentido do jardim.
é não possuí-lo e saber
que não sou dono de mim
nem de nenhuma flor.
então, navego agora
onde tudo são sós.
mas, era querer demais
frutificar em mais pétulas
umas frágeis, outras hercúleas.
os visitantes só entram na
primeira porta - a que não tem
saída.
a segunda porta
é de emergência,
para fugas bruscas
nas madrugas chuvosas
- fora das luas que não surgem -
nestas noites de muito
empenho para deixar
tudo e não ser mais nada.
e, segundo consta a maledicência,
que corre atenta por esses dias,
sou homem de uma só porta.
por isso, mandei construir uma
segunda porta - a de emergência -
que vai dar no pórtico de uma
ruela escura e sem nome
onde sobrevivem sombras
suspeitas e desgarradas de almas e
de gente.
se não posso, não consigo,
se não consigo, não tenho.
por isso, sou chamado
de homem de uma porta -
aquele alado
de pórtico viral
mas que nem sombra tem
para se esconder..
pois, de belgrado ou álamo
fuja, e se deixe lá
pois quase ninguém sabe
onde fica os tais belgrados e álamos.
e já a casa perdi, e
junto a
família, e os desdéns,
a fruta e o doce.
restou a porta e o jardim
e as pobres margaridas
que sofrem com meu desalento.
a vida me começou uma guerra
e não sei acabar.
ah! e tudo por ela !
agora sozinho,
abro portas de cedro
e fecho as janelas de puro
abismo.
e, sincero, digo lá
pro meu medo:
vamos morrer em belgrado
ou lá no álamo
pois lá certamente
ninguém vai me chamar
de homem sozinho,
que um dia amou
uma porta sem saída.
uma mulher de várias camas
e uma pátria sem bandeira.