N E M
foste tu um livro,
fosse eu um ponto,
ficaria tonto,
um cego no crivo
sem preces, nem velas
nem perdão dos santos
querendo querelas
pros prantos nos cantos.
e pra quê garganta?
pra chorar de sede?
pra quê minha rede
pra te lamentar?
minha dor se agiganta
e esse suplício
que é vitalício
não vai terminar
nem que eu fosse um cravo
atrás de uma rosa
bonita cheirosa
que não ia ter
nem que eu fosse um bravo
que espantasse o medo
pra ter um segredo
chamado você
nem que eu fosse imenso
como o oceano
aquela a quem amo
é só em quem penso
nem que eu fosse a lua
que cobre de prata
a mais densa mata
mas te deixa nua