Ao fim da manifestação

Nas crianças há de se pensar
Todas na praça a brincar
Nas meninas há de se pensar
Todas amadas e idolatradas
Paisagens a deslumbrar
Nas mulheres há de se pensar
Todas lindas e imperturbadas
No sofrer há de se pensar
Em a dor não provocar
Há de se lembrar
Da guerra da praça
Da praça de guerra.
Do incendiário
E do quebra-quebra.
Ainda há de se lembrar
Dos vinte e poucos
Anos de repressão
Da estúpida negação da vida.
Da dor impiedosa
Da impiedosa união
Sem amor e com rancor
Da saída e da chegada
De tudo um pouco
Há de se lembrar irmão
Antes que seja tarde.