Como uva-passa

Volto a repor meus sonhos

Sob o teto do azul

Efervescente como o dia;

Qual primavera tecelã desfia

a veste indecente do outono,

para renovar seu vestido,

Amadureço meu fruto,

Padecendo por essa dor de parir,

Seduzido pelo tácito florir da tua semente;

Rogo fazer da manhã, ao acordar,

O tomo de um livro de elegia,

pois decerto, sei que morreria

se não fosse escrito nas páginas do desabrochar

em cada momento de poesia...

Mordo as cores que faíscam ,

Lacrimejando a emoção do orvalho,

Na rebeldia de uma lágrima;

E a tristeza se esvai do meu peito,

Prometendo voltar,

Quando não houver mais tempo

Nem lugar para chorar;

No olhar desfraldado pelos galhos secos,

Agitando-se ao vento,

Desejando agarrar na folia do ar

o doce sentimento de paz,

Aquele que te traz com candura

no meu pensamento;

Tu, metáfora de um córrego eterno

que me enlaça,

E alegremente refaz a ameaça

De levar-me na esmiuçada caravela,

Soprada pela brisa na minha janela,

Que passa, como uva-passa...

https://www.youtube.com/watch?v=4CvB7Au2wHM

Quando uma flor brota, ela precisa compartilhar sua fragrância com os ventos. É natural! Isso não é uma barganha, não é um negócio; é simplesmente natural! A flor está repleta de fragrância – que fazer? Se a flor mantiver a fragrância para si mesma então a flor se sentirá muito tensa, numa profunda angústia. A maior angústia na vida é quando você não pode expressar, quando você não pode comunicar, quando você não pode compartilhar. O homem mais pobre é aquele que não tem nada para partilhar, ou tem alguma coisa para partilhar, mas perdeu a capacidade, a arte, de como compartilhá-la; assim um homem é pobre.

Osho