O NÃO SE APAIXONAR

Singularmente clara

despojadamente bela

violentamente gentil

densamente leve

sensatamente louca

originalmente feroz

senhora de si mesma

e eu igualmente pouco

arrogantemente nada

totalmente resto

amargamente mordaz

pateticamente tolo,

tolo e nada mais,

inconsequentemente

atabalhoado

fixo num ponto de um passado

perdido, de uma saudade

assustada, de uma dor

amanhecida

e você desconhecida

de nós, inocente

de minha vilania,

existente e nada mais,

nada de Belas, Flores,

cartas manchadas,

poemas incolores,

amarras o cabelo

escutando sua música

com os olhos místicos

de impressões passageiras,

sorrindo com o canto da boca

limpando a mancha de um suco

comentando bobagens da juventude,

eu nascido velho

antipático resmungo

alheio ao que quer que esteja

entre a ponta da faca

e a corda no pescoço

pronto a derrubar

todos estes caracteres de poço

como quem se orgulha

em se afogar

nessa sensação

de tarde demais

que me faz acordar cedo

e ir te encontrar

ou não encontrar,

diabos! E isso

era pra ter sido algo

sobre o não se

apaixonar!

Diego Duarte
Enviado por Diego Duarte em 06/11/2017
Reeditado em 06/11/2017
Código do texto: T6164513
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