Lembranças escritas

...não nos obrigue a paz dessa ementa

a comer o fogo.

Sabendo que o futuro é uma porta,

E a ansiedade o furor de uma tormenta.

Já não há notícias restritas em sua tez,

Nem lembranças escritas de sua nudez

Em nossa insensatez.

No sonho, palpado de rubor,

deixou de existir a transparente leitura da alma.

E os corpos, enfim, se abriram em flor,

Libertando o meu íntimo

Para viver entre o calor das estrelas...

Beberei do teu seio transitório o alimento ,

para enternecer o breve momento da minha vida.

Atordoarei o tempo com as nossas canções,

Acordando-nos com o perfume

do cerne lodoso refeito pela aparição do Lotus,

Transformando-o em leite de rosa;

Mudando a maestria da prosa reescrita pelas borboletas

Com a poesia brusca do meu jardim;

trazendo esse teu desabrochar, como um presente para mim,,

Que, enfim, entardece nosso filho.

De olhos amendoados

E cabelos dourados pelos raios de sol;

Lá dentro de sua cabeça tudo soa ritmado.

No sonho cacheado,

clamando por amor,

Por onde voa descortinado

o tilintar do teclado,

Tentando em vão te acompanhar...

https://www.youtube.com/watch?time_continue=3&v=qZNpVG06Jqw

O amor é a única libertação do apego. Quando você ama tudo, não está preso a nada.

Na verdade, o fenômeno do apego precisa ser entendido. Por que você se agarra a algo? Porque tem medo de perdê-lo. Talvez alguém possa roubá-lo. Seu medo é de que amanhã você não possa ter o que tem hoje.

Quem sabe o que acontecerá amanhã? A mulher ou o homem que você ama… qualquer movimento é possível: vocês podem se aproximar ou podem se distanciar. Vocês podem novamente se tornar estranhos ou podem ficar tão unidos que não seria correto dizer nem mesmo que vocês são duas pessoas diferentes; é claro, existem dois corpos, mas o coração é um só, a canção do coração é uma só e o êxtase os envolve como uma nuvem.

Vocês desaparecem nesse êxtase: você não é você, ela não é ela. O amor passa a ser tão total, tão grande e irresistível que você não pode permanecer você mesmo; você precisa submergir e desaparecer.

Nesse desaparecimento, quem se prenderá, e a quem? Tudo é. Quando o amor desabrocha em sua totalidade, tudo simplesmente é. O receio do amanhã não surge, daí não surgir a questão do apego.