Destinados

Um deserto entre nós,

areias solitárias,

um sol que queima,

milhares de milhas,

uma separação perpétua,

um outro continente,

uma outra vida,

uma outra cultura,

falam sobre o impossível,

estranhos cheios de opiniões,

um silêncio se consolidando,

e tudo o que eu peço é:

apenas feche os olhos,

me sinta em cada vento,

me sorva em cada aroma,

me veja em cada paisagem,

me prove em cada sabor,

me tome para ti,

te apropries da minha alma,

me faça teu escudeiro,

me absorva pelos poros,

o amor é sensibilidade,

é presença em sentidos,

o enxergar a luz no escuro,

o tocar na imaginação,

um orgasmo ao som da voz,

identificar o outro pelo coração,

ler pensamentos na encruzilhada,

somar-se ao universo alheio,

somos mais do que pele e ossos,

mais do que veias e sangue,

mais do que matéria e músculos,

somos física quântica,

somos átomos e prótons,

somos elétrons e nêutrons,

somos tudo o que nos rodeia,

somos a eternidade num sopro,

nada que palavras aprisionem,

nada que conceitos definam,

o tudo e o nada contidos em si,

nada que mentes fechadas creiam,

quando o toque é uma viagem astral,

o beijo é um sonho límpido,

todo o meu ser reside em ti,

talvez algum dia compreendas,

e quem sabe aceites,

jamais pertencerias à outra pessoa,

somos destinados e inscritos em brasa,

trilhados nas curvas das estrelas,

que nenhuma distância desfaz...