Do tempo

fale-me das horas.

não daquelas agora

perdidas

embrulhadas com dúvidas

nas bagagens do amanhã.

fale-me das certezas

para guardar a vida

inteira.

quando abrir a boca

não fique onde estás.

fale-me das horas

do orvalho nas folhas

mortas

e das águas

que um dia

foram chuva

nos meus

dedos.

ilude a flor

à margem

do rio.

não fale agora

o que me aflige

e cansa.

fale-me do amor

mesmo que a rima

apareça distante.

diga-me palavras

mergulhadas

no silêncio.

Pedro Porta
Enviado por Pedro Porta em 08/02/2018
Reeditado em 08/02/2018
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