Poeminha de amor

O amor não amealha, ou retém

Antes mesmo, em face ao maior suplício

Não nega, se entrega, dá tudo que tem

Pois, inda que na penúria, é esse seu ofício

Ele sempre se dá, não inexorável

Busca estar, também, no coração

Do insensível, e tolo, praticante instável

Transformando a inerte alma na escuridão.

Ele grita, chora, simplesmente ama

Seu dilema é a indiferença fria

Que alojada no corpo em cama

A morte aos poucos, fria solidão, cria

Mas, de amor não se morre

Se bem que morte apreciável seria

De tanto se preencher dele, socorre

Tanto quanto, vazia dele, estaria.

Mas que dizer ainda desta chama

Que n’alma inflama o maior bem querer

Enquanto a outros, embora distantes, ama

Preferindo, resignado, silenciosamente sofrer?

Quinho Barreto
Enviado por Quinho Barreto em 17/03/2018
Código do texto: T6282729
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