A Estação

Todos os dias, pela manhã, eu a esperava próximo à estação. Em seu rosto, um lindo sorriso. E, no meu, uma grande emoção. Todos os dias eu aguardava seu abraço. Ela vinha passo a passo em minha direção, eu jogava a mochila no chão para recebê-la por inteira, sem entraves. Então, eu a tinha em meu mundo por alguns minutos, que pareciam anos, vidas... Eu sentia seu cheiro delicioso, eu inalava seu aroma, sua essência. Acariciava sua mão, seu braço, sentia seu abraço me tomando pela alma. Todos os dias eram assim próximo à estação. Quando não à tinha, meu dia ficava estranho. Ela me ligava, o que não me bastava, mas supria o vazio momentâneo. Todos os dias eu ligava, então eu cantava pra fazê-la adormecer. Ela dormia e eu desligava. Os dias eram assim, parecia até um sonho pra mim. Infelizmente, o sonho teve um fim. Sim, teve um fim. Por ironia da vida, aquele sorriso mudou de estação, pois nada é eterno e o que era primavera, tornou-se cinza como o outono e frio como o inverno. A Estação hoje é fantasma, não há mais vida por lá, pois a luz que lá brilhava, outra estação foi iluminar.