Sem Te Conhecer

Sábado, madrugada, quatro e cinquenta e seis,

E eu aqui, pensando em você

Doentio, não concorda?

Mas posso assegurar que penso sem querer

Não sei se você me amaldiçoou,

Ou se o seu jeito me encantou

Buscar uma explicação lógica não possui lógica

O pensamento contém memórias sortidas

Chame de imprevisível, indescritível

Incompreensível, invisível, atrativo.

Tão pouco te conheço, mas tanto te desejo

Não sei o que há comigo, não sei a origem

Somente me foi dito, em sonhos, seu apelido

A doce e linda anja, que sempre me encanta

Pacificadora dos meus fins de semana.

É engraçado, pois sei que não estamos conversando

Estamos separados por ruas de pedras e asfalto

Trágico? Não sei, mas não consigo te esquecer

Peço-te desculpas por pensar nas cores dos seus olhos,

Por te pintar em telas a óleo

Não me odeie ou me repudie, por favor

Juro que estou tentando te apagar, mas não sou como um computador,

Não é tão fácil, leva tempo, um tempo insuportável

Pois, para isso, tenho que apagar os momentos, retratos

Tão pouco te conheço, confesso

Mas, seu cabelo e o seu sorriso me fizeram escrever esse texto.

Eu estava em dúvida quanto aos meus pensamentos

Fiquei até indignado, mas, ao sentir o vento,

Apaguei, fui carregado pelo próprio tempo.

Cogitei pedir para você me encontrar

Mas, minha vergonha me impediu

Cogitei, quando te vi na rua, em te chamar

Mas, não consegui, você então sorriu

Não sei o que está acontecendo, pois você mal me conhece

Talvez eu esteja adoecendo, sofrendo,

Com uma dor que não desaparece

Já tentei acender uma vela, fazer uma prece

Mas ainda não surtiu nenhum efeito

Creio que não tem jeito, você se mudou para o meu peito.

Ainda hoje eu irei te ligar, estou decidido

Se preciso, irei calar a voz do meu eu tímido

O tempo não irá me esperar, devo me apressar

São quase cinco da manhã, logo você irá acordar

E, mesmo que eu gagueje, aqui escrevo, em um simples caderno,

Uma dedicatória cercada de mistérios

Espero que eu não precise dá-la, espero.