Aqui jaz!

Era noite, mais comum, por silêncio acompanhada,

no calor de altas horas, a chegada inesperada.

Na penumbra do meu quarto, tudo mais era vazio,

e chegastes de repente, nos vapores do meu cio.

Tantas gestos sufocados, coração sem reticências,

sem futuro, sem morada, no limite da inocência.

Testemunhas deste encontro, só estrelas e luar,

que à distância observavam, a entrega em meu olhar.

Nos suspiros, liberdade, de tocar sem continência.

Os sussurros sensuais, que marcavam-me a existência.

No remanso a marugada, foi prazer, e não fronteira,

afogando toda mágoa, fez-se a noite, companheira.

Tuas mãos em minhas curvas, passearam sem lisura,

em meus sonhos infantis, fostes anjo e candura.

Em meu corpo inquieto, tua resposta foram beijos,

numa entrega espiritual, às travessuras do desejo.

Ancorastes lentamente, no meu cais de inquietação.

O sorriso foi teu leme, e o amor, foi teu timão.

E agora pelas noites, deixei lápide, com a inscrição:

"Neste teu querer profundo, jaz a minha solidão"...

Day Moraes
Enviado por Day Moraes em 28/10/2005
Código do texto: T64446