Amor é tudo o que não era. II

Amor é a estrela que não brilha.

O chiclete no cabelo que não solta.

A verdade ainda que doída.

É o telefone que não toca.

Amor é a fuga da senhora.

Um coração que pulsa, mas quebrado.

É a insistente ideia suicida que não chega.

A fuga que não parte na hora.

Amor é tudo o que nós fingimos.

E as correntes que não repassamos.

É a prece besta para um santo.

É o morder dos lábios na boa hora.

Amor pode ser qualquer coisa.

Inclusive aquele nada que constrange e silencia.

Amor é o roçar das pernas no frio.

E a solidão a noite em casa.

O amor é um tarado no cio.

E os cachorros e suas pulgas saltitantes.

É o embaraçar das palavras fora de hora.

É um coito remendado às avessas.

É a porta que fecha.

É a porta que abre.

É a janela escancarada.

E tudo o que por ela entra.

Amor é um cão dos diabos.

Tatiana Marques (Tath)
Enviado por Tatiana Marques (Tath) em 21/09/2018
Código do texto: T6455658
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2018. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.