Carnaval

Deixa a janela aberta

A brisa fria da madrugada entrar

Deixe que beije a nossa pele

A fina camada de suor

Como toca o orvalho sobre as folhas

Lá fora

A música na rua ainda toca

Por toda a Boa Vista

Um ritmo vicioso de décadas atrás

São 4:42, o relógio da parede denuncia

Os outros logo vão acordar

E sabe-se lá com que cara

Descobrir o que a gente fez

Eu devia levantar

Assim como o sol se levanta

no nascimento da manhã

Tomar banho no meu quarto

E relutante

Lavar do meu corpo as lembranças do seu

Você me segura apertado

Ainda há um toque de cerveja no ar que escapa

Pelo espaço estreito entre os seus lábios rosados

Quando sussurra sonolento e sem graça:

"É terça de carnaval, ninguém acorda cedo num ferido desses."

E com um roçar doce de dedos curiosos

Explorando pele e ascendendo fogo

Pede para que eu continue em seu abraço

Com o eco da noite me mantendo acordado

Trazendo ao rosto um sorriso satisfeito e cansado

Que nenhum bloco foi capaz de me dar.

~Guilherme le Fay

lsguilherme
Enviado por lsguilherme em 23/09/2018
Código do texto: T6457545
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