A viúva

Chore não, dona Efigênia! José já morreu
Aqui nesta sala só restam voce eu.
A banda na praça tocou, o bonde vai passar.
E aqui estamos nós a olhar o tremular dos lençóis
Chore não, dona Efigênia! José já morreu!

A capa já não resiste os temporais
A picada entre os arvoredos desapareceu
A comida acabou, os cães estão famintos
Onde mora seu Américo, amigo de Basileu?

A primavera acabou, o ipê não resistiu
O El Ninho do Mar.
O canto é triste, dona Efigênia!
Já não posso mais sonhar
Agora tudo é pesadelo
Chore, não dona Efigênia, o Zé já morreu.

Capitu de Machado alegrou-se, - “Ela era triste?”.
Sei não, dona Efigênia, conjecturei!
Diante da impossibilidade sorria, dona Efigênia!
Porque  de esperança  vivemos voce e eu.
R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 23/12/2018
Reeditado em 30/12/2018
Código do texto: T6533730
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