A morte

Quando eu morrer não me enterre em jardins
De saudade ou de lembrança inesquecível
Deixe-me na humilde necrópole acessível
A todo que levar amor, flores, orar e dizer amem.

Não me deixe de cabeça pra fora do caixão
Para não servir de assombração às crianças
Que carregam conexa a bela imagem
De seus ancestrais, sem dor nem constrição.

Abra minha alma a porta do oásis preferido
Por ter vivido neste chão de ferro e foto,
Às vezes sóbrio e outras vezes ávido no absurdo da estação,
Que implacável não respeita sentimento alheio.

No dia de são nunca não abra o campanário da morte
Porque a vida pede passagem, na arejem da gratidão,
Salsa vida, ferida, inquirida aos amados e destemidos,
Na sua mais alta prevalência do sentimento obvio.
R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 08/02/2019
Reeditado em 10/02/2019
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