Galimatias e discursos verborrágicos

Um amor de rimas fáceis, calafrios

Ininterpretável como “Las Meninas” de Velásquez

Um amor de rios, rios e Rios

Daquelas cantarolagens que espanta os males

(Eu te...)

Você não consegue recitar sem me excitar

Cantar sem me cantar

Rir sem me sorrir

Mirar sem me flechar

(Eu te...)

É Nando e Cássia, no mesmo ritmo, tocando relicário

É antídoto marítimo, no vai e vem que traz curas

É uma tarde em Itapuã sem fuso horário

É Dom Casmurro com o Emplasto Brás Cubas

(Eu te...)

Olhares 43, dias 15, tamanhos 13

Amor ao acaso, 204

Como um encontro inesperado

Em uma impressora de trabalho

(Eu te...)

Amei teus melasmas

Plantei tuas Astromélias

Conheci as imperfeições

Fiz delas perfeições

Transformei meu dicionário em Aurélia

(Eu te...)

Você é um rio de Janeiro

E eu; um rio de Março

Riu de mim quando me queimei no mormaço

Esses rios têm o mesmo aniversário

(Eu te...)

Nesta embarcação, eu me encontrava a bombordo

Enquanto tu, a estibordo

Uma tempestade da cor dos seus olhos

Transbordou a caravela de escordo

(Eu te...)

Corri chão e cruzei mar, deixei-me levar pelo ar

Usei de fonemas bilabiais para te deletrear

Essas coincidências semânticas alveolares

São o verdadeiro significado do verbo “amar”

(Eu te...)

Você virou Tu

Tudo ficou íntimo, mas ainda doeu

Queria te conjugar mais uma vez

P'ra que Tu virasse Eu

(Eu te...)

Todas essas verborreias em desengano

Galimatias inúteis de se ler

Todo esse clichê, démodé e blasé

É para falar que eu amo você

(Eu te amo)