Vale do Barão


Era uma vez dois outeiros em Minas Gerais
Cobertos de verde da esperança
Onde o então cidadão mineiro vivia
Onde a Vale nadava, agora é só lembrança.

Manhãs ensolaradas cobertas de nevoa.
Serração que o maciço ocultava visão
Do então homem matreiro nas orações que fazia
A implorar por clemência fervorosos corações.

Sapê, bananeiras e hortas de hortaliças cultivadas.
Ao som da safona na praça, esquina ou estradas
Era uma vez montanha de Minas Gerais
Sobradinho e Barão de Cocais Vale nunca mais.

Arcaico armazenamento de resíduos minerais
A proteger o povo contra fuligem de ferro e aço
Assombrosa paisagem da antanho
Além do ferro e aço havia também estanho?

Sabe lá Deus, ninguém responderá...
O poeta está atônito, há desprezo no lugar
A mãe que perdeu o filho, vice versa
Todos à recordação em algum momento irão chorar.

Esvaziem-se barragens de Barão de Cocais
Prometa a população e cumpra
Que barragem nos morros de Minas nunca mais
A Vale não vale a dor, a perda tão sentida.