Face Medieval

Crise dos tempos!

Meigas horas,

que me entrego ao Zeus!

Dores comuns,

latejam lonjuras,

como flechas ardentes

que pousam na carne

debilitada por cravos

e ansiedades do tempo

castiço, que

morreu brado, em meus braços!

Floro mágoas nesta manhã,

onde o ferro basto,

atravessa a carne e o pão,

e me corrói

denso! Floral, indeciso,

de fácil uso,

e de difícil manuseio.

O apogeu de lágrimas

que desbancam de seu rosto -

pétula acostumada à beleza -

também são rasas minhas!

Ah! perdido entre a festa

e o riso!

Acato a piedade mas não

perdoo os acostumados.

Acato os dizimados

mas afugento os covardes

que se negam ao pranto

dourado do amor.

Força mista, incomensurável

de espadas e canções que

vindas do céu, são seu signo

de prazer e desejo e

pelo mar acalmo,

pelo doce do sol,

que se esparge

entre as formas de seu

rosto e cristaliza

uma beleza nunca vista.

Perco por tudo! Agasto!

Choro e contorço,

minha ânsia de cem anos,

por um minuto agreste

de mãos dadas pelo único

amor - você -,

flor que sobrevive na

abóboda amena do céu

e apaneja estrelas

com seu suco,

com a face quase medieval

e doce de olhar

e amar !

Se a perdi, sei que agora

habita o fausto da luz!

E vivo agora do sombreiro de

seu corpo e de seu espírito!

Ave-carne!

Ave-espírito!

Acalenta minha dor!

José Kappel
Enviado por José Kappel em 07/06/2019
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