DESGOVERNADO SEM MINHA RAINHA

Sem você, tudo foge do meu alcance.

Antes de mais nada, foge a felicidade

E a tristeza se achega rapidinho.

Mas sem você nada permanece.

Vão-se as flores, as cores e os perfumes.

Vai-se a luz, os sorrisos e o horizonte foge.

Foge também o chão de sob os meus pés.

Sem você, tudo me deixa; nada me quer.

Consome-se a fluidez do meu coração,

Desaparece a articulação das minhas palavras.

Os poemas saem tristes e sem ritmo.

Sem você, tudo some pra longe de mim.

Não há gracejos, não gargalhadas, a ternura se vai.

Sem você, torno-me nada mais que nada menos;

Menos que um João Ninguém da Silva

E até o ar some dos meus pulmões.

Minha vontade se torna sem vontade,

Minhas expectativas se frustram.

Sem minha rainha, sinto-me desgovernado.

E sem você, todos os meus planos e desejos;

Cada sonho que sonhei, vê-se em desgoverno,

Totalmente sem rumo; sem para onde.

A esperança se vai, o sol se põe

E minha alma anseia sedenta por ti

No despontar do novo dia da tua presença.

Wilson do Amaral