MINHA

Sob esse manto estrelado suspenso,

Ensimesmado em tudo penso...

A saudade no meu peito é doce açoite,

Em devaneios na quietude da noite.

O olhar busca vestígios da sua breve estadia,

Da luz que vem de você e minha alma irradia,

Do teu cheiro de fêmea que deixou rastro...

Perfume do amor em vaso de alabastro.

Olho o horizonte fixo e contemplativo,

Sinto uma pueril alegria sem motivo...

Tua face se confunde com as luminárias,

Teias do nosso querer em linhas imaginárias.

Uma melodia à moda antiga toca baixinho...

Mordo o lábio na vontade do teu carinho,

Não consigo mensurar o que sinto agora,

Só sei que a saudade tua me devora.

Talvez o que de fato sentimos não saibamos,

Mas sabemos o quão forte se juntos estamos!

Se fico triste? Mentir o que os olhos dizem por quê?

Mas essa tristeza é só saudade de bem querer.

Se tenho medo? Por mim não tenho não,

Mas temo uma desilusão a este velho coração,

Por isso melhor seguir no ritmo da tua toada,

Deixar fluir deixando a alma resguardada.

Lembranças tantas que se acumulam em nós...

Tanta ternura e tanto desejo em nossa voz...

Crescente querer que não precisa explicação,

Só quero seguir o caminho que me aponta o coração.