Augúrio-Matiz translucida
... dos teus olhos prendo, seguro, uma lágrima
de areia envaidecida;
Trazendo-me uma guirlanda da mesma matiz translúcida
que me clareia.
Teu nobre sopro de vento repentinamente derrama
as cores do tempo,
Fazendo o verde da primavera,
Desarrumar-se em sombras inexatas,
Onde os mares eternos respingam de suas cascatas;
Já não se encantam com a sombra,
e nem acariciam a tua saudade com a face oculta
trovejando sob algum sorriso ocasional.
Ergue-se do meu beijo como a flor amadurecida, outonal;
Composta de brevidade,
Augúrio sazonal do que há de nascer pela manhã
sobre o enlevo do orvalho nu;
Sendo a palavra que me trouxe a melancolia,
trilhando o caminho que se faz cru ao olhar no fundo de ti,
Vendo-a ferida...
Disse-me cobrindo os versos com pétalas aveludadas,
- e se não existirem mais as palavras?
Então, digo que algo se esvaiu por completo
na arcada de suas mãos;
Nelas vejo apenas as costas de uma colina,
e o calor do aceno dizendo adeus.
Levando as nossas bocas unidas, ainda em silêncio,
-Circulando em meus ouvidos-
Como faz o frio perdido do inverno,
Excitando a neblina da exata franqueza do sofrimento...
Se a amo, há de ser por completo,
ainda, que, dentro de mim seja a clara fonte de um reflexo;
hei de procurar nos teus olhos,
O sussurro do vento ao amanhecer;
Serás sempre a insônia da madrugada,
Pois, pertences ao lugar consentido sem o meu querer.
Já não há aquela olhada fresca,
Que a campana dos meus sonhos,
Houvera de florescer ante o crepúsculo,
Sem torcer o corpo minúsculo de uma estrela
lutando enternecida para sobreviver,
Refletida e insegura,
na aura azul do mar, espelhando-se no balanço das ondas;
Onde havia uma fresta do sol no céu de nuvens escuras
a bater na janela,
Para que pudéssemos abri-la,
Como se fora a melodia de uma brisa
Dizendo aos poucos
as palavras acesas no seu âmago para revivê-la;
Cântico que houvera de arrumar-se no cós em tua boca,
com o amor desejado pelo calor do corpo.
Amor que não compreendo na paz silenciosa do desejo;
Feito de anseios quando estou quieto e solitário,
a lutar como o mar em fúria...
Hei de ter renascido, fazendo sombra em teu canteiro,
Vendo a folha que te mordiscava,
Beber do orvalho temporão protegido pela inexistência da vida,
Pois, trouxe-nos o doce emaranhado
Articulado na mudança,
Como o aroma da alegria diante da promessa de uma ilusão.
https://www.youtube.com/watch?v=sU1NtBlN2HE
# # # # Nota de autor # # # #
Mahalila casa de número 37
Percepção, conhecimento:Perceber não é realizar nada. É simplesmente tomar consciência do que é bom e constatar quais são os meios para fazer o bem. Perceber que não sou independente reduz o tamanho de meu ego. Observo sem julgar. De fato, este estado acontece quando paro de julgar. Nesse sentido, perceber é o contrário de iludir-se. A ilusão muda constantemente os valores, enquanto que ao tomar
consciência, esta página fica em branco. E somente uma folha branca pode ficar limpa.
----Verso imperfeito---
O verso imperfeito não sabe cantar,
Ele apenas faz passar as horas,
Como se fizesse do próprio vento,
um evento particular,
para assoprar os seus ponteiros...
Se fosse bom, eu o recitaria, mas, agora,
Vai ficar estagnado,
feito esse momento refeito na memoria.
...e, se algum dia
tocares as peças do teclado
como se fossem poemas;
E, em vez de recados,
Acessares o link da minha canção,
Farias carinho ,
adentrarias o meu peito,
te sentirias amada;
E com esse jeito de quem só faz o que quer
Meu coração te guardaria,
Compartilhando essa compaixão,
Que se guarda no seio de cada mulher.
https://www.youtube.com/watch?v=WBcVebmt1Mk
A música é o vínculo que une a vida do espírito à vida dos sentidos. A melodia é a vida sensível da poesia.
---Algo por dizer...---
Queria poder dizer-te algo
ao qual não sei,
O meu amor meditativo, se aquietou;
E o meu peito pensativo,
Reconstruiu um mundo antigo,
Onde a emoção é mais valorizada.
Não pergunto mais,
e também não quero esquecer;
A longa noite ,
É como fechar a janela para o dia,
Nela, nada mais importa,
Do que mantê-la fechada ,
E rugir de vez em quando,
Como um tigre ferido,
A quem a dor incomoda
Mais do que o amor perdido.
É a dor de ir-se junto
com chuva que espreita,
E vai juntando gotículas na persiana,
para invadir meu leito
Como se adentrasse a minha cama
Com jeito de lágrimas....
https://www.youtube.com/watch?time_continue=46&v=Bv_hgyqhTBE
Enquanto Houver Sol-Titãs
Quando não houver esperança, quando não restar nem ilusão
ainda há de haver esperança em cada um de nós
algo de uma criança...
---Sem título----
Misturo a tinta na paleta,
Como um poeta toma o atalho de cada letra,
Mescla a palavra e a transforma
Numa borboleta pousada,
Imaginada onde há uma flor para o poema,
Que, ousado, remete aos olhos
o dia sem a mesma pauta,
Acariciada pela dor do orvalho...
https://www.youtube.com/watch?v=GByyGL2AoFY
Começo, meio e fim-Roupa Nova
A vida tem sons, que pra gente ouvir precisa aprender a começar de novo. É como tocar o mesmo violão e nele compôr uma nova canção.
---Cada folha---
Segue o meu olhar de primavera
perdido diante da espera
de um dia vir a florescer...
o amor compactuou a tristeza
encontrada no ranger de cada folha,
Na aflição desnuda
do sentimento
em ser a parte muda do outono,
a silenciar-se abandonada.
Diante da aurora acanhada e fria,
Deixou o meu desejo de “bom dia”
Abandonado ao vento álgido de cada manhã,
como as entrelinhas
de cada verso de uma poesia
que sempre vivencia o inverno chegar.
https://www.youtube.com/watch?v=MoFhf_u3_iU
Quem ouve música, sente a sua solidão de repente povoada.
Robert Browning
---Escrevo quando posso---
Nessas manhãs carmesins
de flores desbotadas pelo inverno,
Morre o Poeta
Com medo da sua rima desaparecer....
Naturalmente, o destino do verso é florescer,
E ele brota ileso das palavras;
Sem temer a liberdade,
depois de estar preso como inspiração.
Qual crime cometeu o poema,
Machucar o seu coração?
Porque o amor é assim, ele se abre, viceja ,
tanto na alegria
quanto na tristeza
pressentindo na alma da poesia
quando está para nascer.
https://www.youtube.com/watch?v=kgl-VRdXr7I
Tenta esquecer-me...
Ser lembrado é como evocar um fantasma...
Deixa-me ser o que sou,
o que sempre fui, um rio que vai fluindo...(Mario Quintana)
---Atento---
Em teu peito
Sinto-me desacreditado,
Mas, decidido,
Como a luz que invade a escuridão da casa
e entra pela fresta distraída do telhado;
Fico atento, ainda,
a correria do vento...
Frágil,
Como é a razão de lembrá-la,
Desfaz-se, em meu conflito calmo
com uma tristeza tirada das fileiras de lucidez,
que , talvez,
ilumine algum momento,
perdido,
no vertiginoso véu do pensamento.
https://www.youtube.com/watch?v=O-xHOR8_ZSU
Quando se ouve boa música fica-se com saudade de algo que nunca se teve e nunca se terá.-Samuel Howe