Doce invasão...

Deixa as grades do portão

Da capa do livro de Quintana

Permanecerem quebradas -

Não conserta

E, assim a poesia livre,

Por entre elas, escapa

Deixa àquela gaiola aberta,

Lembra-se da tela de Magritte?

Deixa o pássaro de nanquim

Pousar em tua janela,

Enquanto, o menino brinca

Com as tintas, deixa ele sujar

As mãozinhas...

Deixa o chá de hibiscus,

Esfriando na xícara

Para observar o beija-flor no jardim...

Deixa o amor invadir teu coração

Entregue-se a essa doce invasão,

Deixando teu mundo de cabeça para baixo,

Deixa a lágrima de saudade flutuar

Em uma gota de arco- íris

E, na lembrança daquele mágico beijo,

Deixa... deixa a Vida acontecer...

***

O poema

"O poema

Essa estranha máscara

Mais verdadeira do que a própria face..."

Mario Quintana

- 80 anos de poesia, pág. 127

Editora Globo, 2ª edição, 2008