Poema – Samael part 2

Poema – Samael part 2

Nas auroras do tempo existia

uma jovem humana

tão bela quanto as canções angelicais

Mas tão triste quanto ao suicídio

de uma criança órfã

Ela se aproximou de um solitário arcanjo

oferecendo a ele todo o seu amor

Com medo de feri-la

ele isolou-se em um profundo abismo

a escrever poesias

Seus poemas eram enviados

em cartas de sangue

para homens e mulheres

com cordas em seus pescoços

Certa vez,

abandonada em uma

overdose de melancolia

A bela jovem

foi visitada por uma das suas poesias

Inspirada em seu leito de morte

serrou os seus próprios punhos ao afogar-se

em um banheira de sangue

Inerte em desespero

a jovem ressoou o seu ultimo suspiro

Fazendo com que a calmaria

da sua voz doce

atingisse os ouvidos surdos

daquele arcanjo caído

Este que encantado pela sinfonia

da sua voz

bateu as suas asas negras

para o mundo dos homens

Salvando a sua alma

alguns segundos antes

da deusa morte ceifá-la em misericórdia

O amaldiçoado arcanjo de asas negras

jurou protegê-la e ama-la eternamente

Mas também haviam trevas

no coração da jovem donzela

E quando as trevas tomavam conta

da sua alma

ela feria o seu arcanjo

e ele chorava lágrimas de sangue

Mas que culpa tinha a jovem donzela?

não se pode privar as trevas

de viver em um coração doente;

O Arcanjo já ferido pelos deuses

e amaldiçoado pelos homens

carregava cicatrizes em seu coração.

Como dois corações negros podem

viver em sinfonia?

Quando suas mentes já atreladas

ao suicídio

Clamam pela morte

todas as manhãs (...)

Em uma destas noites frias

assombradas pela escuridão

A jovem donzela havia

sido possuída pelas trevas

E sem perceber o que estava fazendo

despedaçou o já dilacerado coração

do arcanjo que a protegia

Em uma resposta as suas angustias

ele a afastou para sempre

Condenando a si mesmo

em um profundo abismo

Todas as noites

antes de dormir

A jovem lembra-se do seu arcanjo

que em noites como estas

ah protegia

com um beijo na testa

Mas agora,

nenhum dos dois realmente sabe

se o suicídio já não os visitou...

- Gerson De Rodrigues

Gerson De Rodrigues
Enviado por Gerson De Rodrigues em 17/10/2019
Código do texto: T6772263
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