A Valsa

Teu olhar de boneca mansa

faz ferver-se meu sangue todo.

Eu convido para uma dança

teu olhar de boneca mansa

pelo cheiro de tua trança,

no salão do sincero sonho.

Teu olhar de boneca mansa

faz ferver-se meu sangue todo.

Vestirei meu colete agora,

vestirás o mais lindo fato;

vestiremos vermelho amora,

vestirei meu colete agora.

Nossa dança, ela não demora,

tua cintura agora acato.

Vestirei meu colete agora,

vestirás o mais lindo fato.

Ouve a música, dama minha,

que ela toca do nosso peito.

Esse som que nos avizinha,

ouve a música, dama minha:

produz vinho de nossa vinha,

da alegria nos dá direito.

Ouve a música, dama minha,

que ela toca do nosso peito.

Tuas mãos em meus ombros sempre,

eu dedilho a sutil cintura.

Em teu corpo meu corpo sente

tuas mãos em meus ombros sempre.

Teu aroma, ele está tão quente...

Mas a dança, ela segue pura,

tuas mãos em meus ombros sempre,

eu dedilho a sutil cintura.

Nossas pernas: é dois, é quatro,

têm o tempo feliz e lento.

A existência: que nem teatro,

nossas pernas: é dois, é quatro,

teu compasso, amor, idolatro,

e dançamos igual ao vento.

Nossas pernas: é dois, é quatro,

têm o tempo feliz e lento.

Neste palco nos olha o mundo,

reis e fadas nos veem na dança,

querem ter deste amor profundo,

neste palco nos olha o mundo.

Pés de brisa, levanto junto

da leveza, pois és criança.

Neste palco nos olha o mundo,

reis e fadas nos veem na dança.

Vibram todos, eis nossa fama,

reis e fadas estão contentes.

Nosso vento se torna chama,

vibram todos, eis nossa fama.

Escarlates, o herói e a dama,

uma estrela de dois viventes.

Vibram todos, eis nossa fama,

reis e fadas estão contentes.

Nós descemos, o olhar levanto,

certo estou de quem és: Amor.

Em teus olhos eu me agiganto,

nós descemos, o olhar levanto,

estás chorando, estou em pranto,

tua lágrima cheira a flor.

Nós descemos, o olhar levanto,

certo estou de quem és: Amor.

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Escrito no final de abril, provavelmente. Foi para o XXI Concurso de Poesia Agostinho Gomes, em uma tentativa de levantar fundos para meu futuro com abelha, mas o poema não foi selecionado.

Malveira Cruz
Enviado por Malveira Cruz em 11/11/2019
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