AURORA
Que graça maior pode existir além desta simples oferta de amor,
Onde o nascer do sol não finda, onde linda, divide o seu melhor
Entre atropelos, excesso de zelos, novelos desta vida atribulada
Que se embaraçam, aquecem como seus braços entre os meus.
A frágil presença, feito formiguinha carregando folhas gigantes
Em ombros que suportam o mundo, respiram fundo, caminham
Porque o inverno promete ser mais rigoroso, não há maior gozo
Do que um cantinho acolhedor para guardar e proteger os seus.
Estão livres do perigo da desconfiança que balança a sua lança
Mas, não fere, apenas confere livre acesso a quem ousou e deu
Um largo sorriso, desses que transparecem entre chuvas fortes,
Quando o único norte era contemplar solitárias rosas de inverno.
Achando-se segura, bastou um segundo para ver o céu fechado
Viu que estava perto o que buscara entre nuvens tão carregadas,
Tão propensas a raios, soslaios que nem a timidez poderia adiar,
Viu cair por terra tudo que pensara, afinal, pressentiu a primavera.
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