AURORA

Que graça maior pode existir além desta simples oferta de amor,

Onde o nascer do sol não finda, onde linda, divide o seu melhor

Entre atropelos, excesso de zelos, novelos desta vida atribulada

Que se embaraçam, aquecem como seus braços entre os meus.

A frágil presença, feito formiguinha carregando folhas gigantes

Em ombros que suportam o mundo, respiram fundo, caminham

Porque o inverno promete ser mais rigoroso, não há maior gozo

Do que um cantinho acolhedor para guardar e proteger os seus.

Estão livres do perigo da desconfiança que balança a sua lança

Mas, não fere, apenas confere livre acesso a quem ousou e deu

Um largo sorriso, desses que transparecem entre chuvas fortes,

Quando o único norte era contemplar solitárias rosas de inverno.

Achando-se segura, bastou um segundo para ver o céu fechado

Viu que estava perto o que buscara entre nuvens tão carregadas,

Tão propensas a raios, soslaios que nem a timidez poderia adiar,

Viu cair por terra tudo que pensara, afinal, pressentiu a primavera.

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Sérgio Sousa
Enviado por Sérgio Sousa em 26/01/2020
Reeditado em 02/04/2020
Código do texto: T6851262
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