SONHO DE CARNAVAL

Extasias-me com a tua impoluta beleza,

Cobres-me de afeto e mostro-te o umbral,

Dos meus encrontos com esta vil tristeza,

Fazes do amor tua fantasia de carnaval.

Sou teu arlequim neste teatro da vida,

E tu, a colombina que me conquistaste,

Talvez pierrô, por sentir tanta partida,

E um olhar tão triste que nunca notaste.

Sou canto merencório que te causas prazer,

De pelos cordões e blocos sempre a cantar,

Ironia oportuna em trazeres-me o sofrer,

Nos salões da vida ao miserável zombar.

Confetes, serpentinas, auge da tua glória!

Os poemas de Orfeu quiseste desdenhar,

No teu canto momesco clamava a vitória,

Para quarta-feira de cinzas, tudo acabar!

Riva. 024

Rivadávia Leite
Enviado por Rivadávia Leite em 11/11/2005
Código do texto: T69928