A Resposta (continuação de Deixei em cima da carteira)

o último horário é vago

os minutos se arrastam

leio e releio seus versos

já me sinto em seus braços

as palmas das mãos suam

o coração busca um ritmo

que atenue a inquietação

olho para a lousa

mentalizo concentração

minutos nos separam

tic tac tic tac tic tac

quero segurar na sua mão

entrelaçar dedo por dedo

e dizer que derreto

pelos seus olhos castanhos

desde o primeiro dia

conhecer o gosto do seu beijo

e te dar um beijo de boa noite

ainda que de longe

não tem verso no mundo

que traduza singular emoção

você deu tudo de si

agora é a minha vez

de te dizer que sim

é meu último pensamento

meu sorriso preferido

gosto quando você fala

o tom da sua voz me acalma

e é de meu sincero interesse

tenho vontade de ler seus versos

esses que você esconde

acreditando que não são especiais

te abraçar tão apertado

que todo o medo fique para trás

as ilusões

as desilusões

as frustrações

quero te ajudar a escrever

o final feliz que você sonha

o que vem depois dele

virar a página

desse passado cheio de mágoas

que enraizou a timidez

e te fez desacreditar

que nem sempre fracassa

que abrir o coração

é para os verdadeiramente fortes

quero tomar café com você

e conversar sobre qualquer coisa

curtir o silêncio cúmplice

enquanto sinto seu coração bater

assim bem juntinho ao meu

e te deixar na porta de casa

pedindo para que você se cuide

porque darei muito de mim

você fica bem de salto

mas eu já te noto sem eles

quando você passa por aí

pensando que ninguém te vê

escondendo sem um porquê

se existe um mundo

que almeja como nunca te ver

além da sua beleza singela

e da sua unicidade no todo

ninguém nunca te sugeriu

só por alguns instantes

tentar se olhar com mais amor?

tic tac tic tac tic tac

não posso te perder de vista

a sala está apinhada

apesar de não transparecer

o medo da rejeição me persegue

até ser sim pode ser não

e se você se arrepender?

e se os versos perderem a validade?

e se já for muito tarde?

à medida que te vejo

ainda tão longe dos meus braços

sei que não tem fuga

agora ou nunca

se eu quero e você também

nada mais há a se dizer.

Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 08/10/2020
Código do texto: T7083021
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